segunda-feira, 16 de junho de 2025

Valor modal

Modalidade epistémica de certeza
O sol nasce todos os dias.

Modalidade epistémica de probabilidade
Pode sair Camões no exame.

Modalidade deôntica de obrigação
Tens de fazer os trabalhos de casa.

Modalidade deôntica de permissão
Podes ir jogar.

Modalidade apreciativa (juízo de valor)
Este filme é ótimo!

Valor aspetual

Valor perfetivo (ação finalizada)
Ontém joguei xadrez.

Valor imperfetivo (ação não finalizada)
Eu estou a cozinhar.
Os clientes esperavam à mesa.

Situação genérica (verdadeira e intemporal)
[Verdade científica]
O ferro é um metal.
[Provérbios populares]
A ocasião faz o ladrão.
[Pensamentos verdadeiros]
O cão é o melhor amigo do homem.

Situação habitual (repete-se indeterminadamente)
Tenho o hábito de ir ao parque.
Costumo passear uma vez por semana.

Situação iterativo (repete-se num espaço temporal)
Eu tenho ido às compras.
No ano passado, íamos à loja todos os fins de semana.

Educação n'"Os Maias"

 No romance de Eça de Queirós, é verificável o contraste entre dois tipos de educação: a tradicional e a inglesa.

 Num lado, temos a tradicional, aplicada em Pedro e Eusebiozinho. É caracterizada pela:

  • primazia da memorização de conhecimentos;
  • devoção religiosa;
  • estudo do Latim, língua morta;
  • superproteção.

No outro, a educação inglesa, verificável em Carlos, que se caracteriza por/pela(o):

  • reger-se pelo mote "Mente sã, em corpo são.";
  • promover a praticidade e experimentação;
  • incitar a aprendizagem de línguas em uso;
  • desenvolver o contacto com a Natureza;
  • valorizar do exercício físico.

Tanto Pedro como Carlos falham na vida. Pedro falha pela educação. Carlos falha apesar da educação. Fracassou graças à sociedade em que estava inserido, decadente e ociosa, e à paixão proibida.

Mensagem, Fernando Pessoa

"Deus quer, o homem sonha, a obra nasce"

O Homem é o intérprete da vontade divina.

Os Lusíadas e Mensagem

Os Lusíadas

  • Epopeia;
  • Passado;
  • Visão épica da história de Portugal;
  • Herói real/histórico.

Mensagem

  • Poemas épico-líricos;
  • Visão subjetiva da história portuguesa;
  • Herói mítico (intérprete da vontade divina).

Natureza épico-lírica da obra

Características do discurso épico

  • exaltação de ações heroicas com proteção sobrenatural;
  • uso da 3ª pessoa (narratividade);
  • integração de figuras e acontecimentos históricos;
  • protagonistas de enorme estatuto social e moral, seres excecionais (mitificação do herói);
  • glorificação e mitificação do herói (celebração e recompensa).

Características do discurso lírico

  • forma fragmentada (44 poemas independentes);
  • uso da 1ª pessoa (intimismo);
  • visão subjetiva do destino nacional (seleção e valorização subjetiva/pessoal de figuras e acontecimentos);
  • identificação "eu"/pátria;
  • tom emotivo e linguagem expressiva. 

Estrutura da obra

Brasão

  • Nascimento → Fundação e consolidação da nacionalidade

Mar Português

  • Vida → Saga das descobertas e concretização do destino providencialista do país

O Encoberto

  • Morte e ressurreição → Estado atual de estagnação e possível futuro espiritual

Sebastianismo

  • Mito inspiração;
  • Messias salvador da pátria.
 O poeta contrasta duas perspectivas de D. Sebastião. D. Sebastião de carne e osso (corpóreo) e D. Sebastião mito (espírito), que permanece vivo entre nós através da determinação, crença e patriotismo dos portugueses.

Herói

Diferentes figuras da história da nação.

sábado, 14 de junho de 2025

Heterónimos de Fernando Pessoa

Alberto Caeiro

  • Poeta bucólico;
  • Índole pagã, mestre;
  • "O guardador de rebanhos";
  • Viveu no campo;
  • Instrução primária;
  • Muito frágil, débil;
  • Morre de tuberculose;
  • Poemas espontâneos, simples;
  • Recursos comezinhos - elementos básicos, simples;
  • Prevalece o sensacionismo - perceção sensorial;
  • Rejeição do pensamento;
  • Parataxe - repetições;
  • Linguagem tautológica;
  • Tom oralizante;
  • Linguagem natural, direta, imediata, coloquial;
  • Versos-prosa;
  • Versos soltos ou rima branca.

Ricardo Reis

  • "O clássico";
  • Monárquico;
  • Expatriado no Brasil;
  • Médico;
  • Escreve odes;
  • Vive com medo da mudança;
  • Aceitação do destino;
  • Conformidade com a vida efémera;
  • Calmo, sereno;
  • Estoicismo - resignação;
  • Contido, disciplinado, controlado;
  • Inerte, inativo;
  • Foge da dor e do sofrimento;
  • Troca o mérito pela simplicidade;
  • Entregue ao fado, porque a morte é inevitável. 

Álvaro de Campos

  • 1ª fase - sensacionista:
    • Original de Tavira;
    • Muda-se para Glasgow;
    • Formado em engenharias mecânica e naval;
    • Escrita impulsiva, instintiva;
    • Pessoa que Fernando sonhava ser;
    • Versão extrovertida e divertida 
    • Escreveu para a Orfeu;
    • Escreve odes efusivas, irruptivas, eufóricas;
    • Moderno, objetivo, quase teatral;
  • 2ª fase - metafísica:
    • Muda completamente o modo de escrita;
    • Torna-se solitário;
    • Zangado com a sociedade;
    • Desiste da modernização;
    • Intimista e árido;
    • Pensamentos desordenados e sem lógica;
    • Nostálgico;
    • Insurgente, só, reflexivo;
    • "Gaguez do «eu»".

Exame de Português 2024 F2 V1

Grupo I

Parte A

1 - O narrador admira-se com o estilo de vida jactante de Jacinto. A atenção excessiva dada ao seu aspeto físico impressionava, prova pela miríade de escova que possuía e pelo tempo gasto a pentear-se (" As escovas sobretudo renovavam, cada dia, o meu regalo e o meu espanto ‒ porque as havia largas como a roda maciça de um carro sabino; estreitas e mais recurvas que o alfange de um mouro; côncavas, em forma de telha aldeã; pontiagudas, em feitio de folha de hera; rijas que nem cerdas de javali; macias que nem penugem de rola! De todas, fielmente, como amo que não desdenha nenhum servo, se utilizava o meu Jacinto." e "E assim, em face ao espelho emoldurado de folhedos de prata, permanecia este Príncipe passando pelos sobre o seu pelo durante catorze minutos."). O narrador também aponta a peculiaridade das "máquinas monumentais da Sala de Banho", uma grande e avançada variedade de jatos de torneiras para todo o tipo de lavagem.

2 -  Jacinto é um homem importante da alta sociedade com inúmeros encargos que lhe permitem ter uma vida luxuosa, mas sente-se cansado do seu estilo de vida, das suas responsabilidades e da sua agenda infindável ("apesar da mansidão e harmonia dos seus modos, frequentemente arremessava para o tapete, numa rebelião de homem livre, aquela agenda que o escravizava"). O burguês sentia-se preso à sua vida profissional, que mesmo não a detestando, deseja ser livre.

3 - I, II, IV.

Parte B

4 - Ricardo Reis recorre regularmente à referência de elementos da natureza porque estes são efémeros, simples e não pensam, características que Ricardo Reis pretende seguir na sua vida vida, que é curta e deve ser aproveitada, tal como as plantas nos demostram.

5 - O sujeito poético pede à sua amada para acompanhar numa vida propositadamente ignorante, cuja prioridade seja aproveitá-la, sem quaisquer mudanças que possam causar sofrimento. Viver o efémero momento é a interesse máximo do "eu" lírico, já que este sabe que não vale a pena fazer esforços, o mundo será o mesmo antes, durante e após a sua curta passagem pela Terra ("Que há noites antes e após | O pouco que duramos.").

6 - a) - 2; b) - 2.

Parte C

 Em A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, a personagem Jacinto é utilizada para criticar e até caricaturizar a alta sociedade citadina do século XIX. Críticas semelhantes podem ser encontradas em Valores Pessoais, quadro de René Magritte.

 Na tela de arte moderna, certos objetos possuem dimensões díspares com a realidade, estando deverás amplificados, mais concretamente um pente, um pincel e um armário e um sabonete. Estes elementos são elo de ligação com a metrossexualidade característica de Jacinto, que elevava a sua aparência a patamares bastante exagerados, praticando rituais longos, cansativos e completamente anormais diariamente para aperfeiçoar a sua aparência. Esta falta de praticidade exacerbante, transversal às duas obras, criticam a importância excessiva atribuída à imagem e a artificialidade da sociedade. Também o copo, igualmente aumentado, destaca a futilidade dos eventos sociais, que Jacinto também participa, tão valorizados no meio da classe rica.

 Em suma, o quadro de René e o romance de Eça convergem na crítica ao costumes da alta sociedade, que enaltece as aparências e a futilidade dos eventos sociais.

Grupo II

1 - C;

2 - D;

3 - A;

4 - D;

5 - C;

6 - B;

7 - C.

sexta-feira, 13 de junho de 2025

O que preciso de estudar para o exame de português

Obras/Autores estudados

10º ano

  1. Poesia Trovadoresca;
  2. Crónica de D. João I, de Fernão Lopes;
  3. Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente;
  4. Rimas de Luís de Camões;
  5. Os Lusíadas, de Luís de Camões.

11º ano

  1. Sermão de Santo António, de Padre António Vieira;
  2. Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett;
  3. Amor de Perdição, Camilo Castelo Branco;
  4. Os Maias, Eça de Queiros;
  5. Sonetos Completos, Antero de Quental;
  6. Cânticos do Realismo, de Cesário Verde.

12º ano

  1. Fernando Pessoa Ortónimo;
  2. Alberto Caeiro;
  3. Ricardo Reis;
  4. Álvaro de Campos;
  5. Mensagem, de Fernando Pessoa;
  6. Contos;
  7. Poesia Contemporânea;
  8. Memorial do Convento, de José Saramago;
  9. O Ano da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago.


The Ethical Consumer

 Compared to our parents or grandparents, we live in a society where life is much more facilitated. Our needs are easily met in this world where all kinds of goods are readily available. It's not uncommon to fall into excesses and addictions. With environmental concerns becoming increasingly recognized, what should we do to be ethical consumers?

Firstly, an ethical consumer must plan how much they will spend to avoid getting into debt.

(Slide)

 At least 20% of your income should go towards savings. Meanwhile, another 50% (maximum) should go toward necessities, while 30% goes toward discretionary items. ⁴ is called the 50/30/20 rule of thumb, and it provides a quick and easy way for you to budget your money.

So, we know that we can't spend everything we have, but we must maintain stable consumption, so as not to destroy the economy. What else should the ethical consumer do?

The ethical consumer must be informed and understand that when buying something, they are not just acquiring a product.

 Ethical consumption is not about depriving yourselft. It is about recognising the power that you have, as a consumer of goods and services, in influencing business to be more sustainable, ethical and accountable.

The ethical consumer should select what they buy and from whom they buy it. 

(Slide)

 He consider the environmental footprint of their purchases and prioritize products with minimal impact. He prefer to purchase products manufactured with low CO2 emissions per unit produced. Currently, this is difficult due to the opening of the Chinese market and other Eastern countries, which, thanks to environmental destruction and human rights violations, can produce at very low prices, practicing unfair competition.

It is important that the consumer is informed and opts for products made by workers who are respected, have reasonable work hours, and enjoy fair working conditions and rights.

(Slide)

Also, the ability to understand the information on product packaging should be a fundamental skill for the ethical consumer. Labels like Organic, Fairtrade, and Cruelty-Free are excellent indicators of ethical products. The ethical consumer should also try to avoid plastics and opt for biodegradable or made from renewable resources products.

 When buying clothing, they should choose eco-friendly fabrics, such as hemp, and clothes with Cruelty-Free label. It's preferable to buy slow-fashion, which, as Ben and William have pointed out, is much more beneficial.

 The ethical consumer uses electricity from renewable energy sources.

Of course, ethical consumption has its downsides. It is an expensive lifestyle, and certain desired products might not be available. You can also be a victim of greenwashing, which happens when a company engages in deceptive marketing, claiming to be ethical without genuine practices.

However, if there's an increasing number of ethical consumers, these problems can be more easily overcome.

 It is possible to say that, beyond the desire for a circular economy that respects Earth's resources and ecosystems, there is also a great willingness to build an ethical economy that respects not only the planet but also social causes, acting for a more ethical world.

Exame de Português 2020 F1 V1

Grupo I

Parte A

1 - Enquanto que Castanheiro se encontra motivado e empenhado para a publicação na sua revista, exibindo "um rolo de papel e um gordo fólio encadernado em bezerro", trabalho resultado de devotada labuta, como indicado no texto ("labutava devotadamente"), Gonçalo, que se julgava ter escrito um romance sobre Tructesindo Ramires, mantera-se ocioso, depois de ter protelado o seu livro em demasia, não chegando a começá-lo. Gonçalo Ramires assemelha-se à nova geração, cujo Carlos da Maia está inserido, de jovens ociosos, "geração nova e miúda" que "às horas de trabalho" passeava. Estes jovens, de botas importadas, ilustram a perda dos valores portugueses e estagnação de Portugal, que se tornou um importador de modas, que as modifica e caricatura ao máximo.

2 - No primeiro texto, critica-se a procrastinação portuguesa, que está tão enraizada na nossa cultura que deu origem a uma expressão latina "Procrastinare lusitanum est". Já no excerto seguinte, é apontada a decadência de Portugal, por estar a perder a sua essência e patriotismo, devido à importação exacerbada e à mutação de costumes e hábitos, e pela ociosidade da geração.

3 - a) 3; b) 2; c) 1.

Parte B

4 - O sujeito poético apresenta uma atitude racional ao rejeitar a mudança, porque, mesmo havendo a possibilidade de mudar para melhor, há sempre a chance de sofrer, o que o objeta intransigentemente e demonstra ter medo.

5 - A comparação encontra-se nos versos 10, 11 e 12: "indo | Para a velhice como um dia entra | No anoitecer.". O uso deste recurso poético tem como sentido comparar o deseja da certeza que chega a idoso com a certeza que o dia se torna noite, numa transição calma, lenta, ortodoxa e segura.

6 - a) - 2; b) - 2; c) - 1.

Parte C

 Padre António Vieira consagra-se como um dos maiores pregadores português. A sua preocupação com as injustiças e defeitos da sociedade é mote para os seus sermões. Mesmo tendo o dom da eloquência e de conseguir moldar auditórios, não conseguiu ser ouvido pelos colonos do Maranhão, que exploravam escravos. Então, inspirado pela lenda que envolvia Santo António, também ignorado pelos homens, que insinuava que o santo pregara aos peixes, Padre Vieira recorre à mesma solução.

 Durante o seu sermão, elogia os peixes tanto em geral como em particular numa fase inicial e depois passa às críticas. Mais uma vez, o pregador começar por se dirigir à generalidade, mas desta vez para advertir. Critica-os por serem egoístas e se comerem uns aos outros, sendo sempre o maior a alimentar-se do mais pequeno. Todas estas intervenções com os peixes são alegóricas, com o intuito de criticar sim as atitudes dos homens, recorrendo às ações dos peixes. Em concreto, interpela o polvo, que finge-se de brando e inofensivo, mas depois ataca a vítima, crítica clara ao fingimento humano. Refere também os voadores que, não estando contentes com a água e a condição de peixes dada por Deus, tentam voar como aves. Com este exemplo Padre António Vieira aponta a ambição desmedida do Homem.

 Em suma, o pregador, descontente com as atitudes humanas, decide, através do seu poder oratório, fazer um sermão. Como foi ignorado pelos homens, faz dos peixes ouvintes, criando assim uma alegoria. Ao repreender os peixes pelos seus comportamentos, aponta os defeitos da espécie humana, como a ambição e a falsidade.

Grupo II

1 - D;

2 - B;

3 - A;

4 - C;

5 - D;

6  a) Complemento direto;

    b) Complemento agente da passiva.

7 a) - 3; b) - 2; c) - 3.

Grupo III

Exame de Português 2023 F2 V2

Grupo I

Parte A

1 - O rei com o qual o sujeito poético se revê possui uma atitude de desistência. Durante o poema larga as suas armas e as suas vestes (a "espada", o "cetro", a "coroa", a "cota de malha" e as "esporas"), deixando-as a alguém mais forte. No fim, o rei confessa que se evadiu, "como a paisagem ao morrer do dia".

2 - No início, o "eu" lírico dirige-se à noite para o levar com ela, evidenciando a vontade de morrer. Nos últimos dois versos, vemos o seu desejo a ser cumprido, onde o sujeito poético a relatar a sua morte através da metáfora "E regressei à noite antiga e calma".

3 - C e E.

Parte B

4 - O peixe de Tobias é relacionado com Santo António, ambos admirados por Padre António Vieira. Enquanto que o peixe através do seu fel tem o poder curativo, Santo António também cura através da palavra de Deus. Tanto o peixe como o santo possuem um coração bom. Já os Hereges são os pecadores pregados por S. António e os "homens" são os colonos do Maranhão, os ouvintes desejados inicialmente por Padre Vieira que o ignoraram, a quem está a pregar tendo os peixes com intermediário alegórico.

5 - No fim do excerto, o pregador demonstra o seu descontentamento e interpela diretamente o seu auditório inicial, os colonos do Maranhões, suplicando-lhes que se abram para a palavra e amor de Deus. Este pedido é terminado com a constatação irónica de que Padre Vieira se tinha equivocado e dirigido aos ouvintes errados, quando sempre se dirigiu a eles ainda que esteja a utilizar os peixes alegoricamente.

6 - B.

Parte C

 Eça de Queirós nunca poupou as suas críticas à sociedade do seu tempo, como é verificável em grande parte das suas obras. Com as mudanças ocorrentes no Portugal do século XIX, muitos foram os defeitos que deram ao de cima. A obra Os Maias é um grande exemplo da exposição feita pelo escritor dos comportamentos tóxicos que se enraizaram em Portugal.

 N'Os Maias, a geração a que Carlos pertence dista totalmente da dos seus país. Esta é caracterizada pela ociosidade. Numa passagem, Eça critica os jovens que passeavam na rua e apanhavam sol nas horas destinadas ao trabalho. Também nessa mesma passagem, é exposto a falta de patriotismo e importação e modificação exacerbada de costumes e hábitos estrangeiros. Os mesmos jovens levavam calçadas uma botas muito altas e pontiagudas nada características dos costumes portugueses que Eça desdenha.

 Concluindo, Eça de Queirós aproveitou as suas obras para apontar alguns defeitos da sociedade. No romance Os Maias, critica a ociosidade da nova geração e a sua falta de patriotismo.

Grupo II

1 - D;

2 - C;

3 - D;

4 - A;

5 - B;

6 - B;

7 - D.

Exame de Português 2023 F1 V1

Grupo I

Parte A

1 - Marcenda aceita o facto da sua mão esquerda estar morta. Já está acostumada com a sua situação, havendo também a sua normalização e colaboração dos que os rodeiam. Não utiliza a sua mão para nada. Baltasar, por sua vez, sente falta do domínio do manípulo, deparando-se ainda comprometido com a impossibilidade de usar a mão. Blimunda tem sido a sua mais-valia, que o tem ajudado sempre e dado carinho. Contrariamente a Marcenda, Baltasar dá uso ao gancho que substitui a mão para trabalhar na passarola. 

2 - Pai e filha são tratados com uma atenção especial. Os funcionários estão familiarizados com a condição de Marcenda, verificável no modo como lhe preparam o comida ("os pratos da rapariga vêm já arranjados da copa, limpo de espinhas o peixe, cortada a carne, descascada e aberta a fruta"). Também o criado revela traços de já conhecer o conjunto pelo jeito "familiar de modos" com que os atendeu.

3 - Blimunda, com o seu dom sobrenatural, consegue, se estive em jejum, encontrar imperfeições na Passarola. Esse poder de ver o que ninguém mais consegue fez com que Padre Bartolomeu a batizasse de Sete-Luas, visto que Baltasar tem como nome de família Sete-Sóis. Bartolomeu comenta também "Lua onde estás, Sol aonde vais" salientando a cumplicidade do casar, relacionando a sua ligação com os movimentos do Sol e da Lua.

Parte B

4 - O sujeito poético vê a figura feminina como perfeita, petrarquista, bela, divina e inalcançável, como se verifica em "se não perder a vista só em vê-los", onde o "eu" lírico afirma que nunca a sua beleza é desmedida, de modo divina, que que raro é o homem que lhe resiste. Também é seu servente, entregando todas as suas poses e até a vida ("Assi que a vida e alma e esperança | e tudo quanto tenho, tudo é vosso").

5 - C e E.

6 - A

Parte C

 O poema de Camões e a cantiga e amor são duas obras da antiguidade portuguesa. Bastantes distintos, representam dois tipos de poema característicos do tempo pretérito. Para além da forma declamativa, a cantiga deve ser cantada, o que não ocorre no primeiro poema, há imensas diferenças entre os dois.

 Primeiramente, o poema é um soneto e a cantiga está disposta em tercetos, havendo paralelismo entre estrofes. Já internamente, o poema camoniano é dirigido diretamente à amada que, mesmo sendo o amor impossível, o sujeito poético interpela. Na cantiga, não há contacto entre o amado/senhora, estando este a suplicar a Deus para a ver.

 Por outro lado, a falta de reciprocidade amorosa é transversal às duas obras. Num lado temos o sujeito poético num estado de mártir, completamente entregue à senhora, mesmo sabendo que o seu amor não prosperará. Num outro temos o "eu" lírico completamente arrebatado por não ver a amada, preferindo a morte à vida sem ela.

 Resumindo, as duas obras representam diferentes movimentos literários, mas temas comuns, como o sofrimento amoroso. Estruturalmente, são constituídas por estrofes com números de versos desiguais.

Grupo II

1 - B;

2 - A;

3 - C;

4 - B;

5 - D;

6 - D;

7 - A.

Rimas camonianas

 Camões, para além de nós ter deixar a melhor epopeia nacional, escrever durante toda a sua vida diversos poemas, originando a lírica camoniana.

 Nela, são representados dois tipos de mulher, através dos retratos realista e petrarquista.

Retrato realista

  • Medida velha (redondilhas);
  • Figura terrena, bela e sensual;
  • Vestuário colorido;
  • Apaixonada e alegre;
  • Acessível e recetiva ao amor;
  • Poemas em cenas da vida quotidiana e cenários bucólicos (na fonte, no campo, nas romarias) que espelham a vitalidade e o brilho da figura feminina.
Descalça vai para a fonte

Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.

Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.

Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.

Retrato petrarquista

  • Medida nova (sonetos);
  • Figura exagerada e estereotipada;
  • Cabelo, pele e olhos claros (perfeição exterior que espelha a perfeição interior);
  • Humilde, discreta e serena (perfeição psicológica e moral);
  • Ser perfeito, transcendente, divino;
  • Impalpável, incorpórea;
  • Incessível e não recetiva ao amor (amor impossível);
  • Poemas em cenas da vida quotidiana e cenários bucólicos (na fonte, no campo, nas romarias) que espelham a vitalidade e o brilho da figura feminina;
  • A quem o sujeito poético presta vassalagem.
Ondados fios d’ouro reluzente

Ondados fios d’ouro reluzente,
que agora da mão bela recolhidos, 
agora sobre as rosas estendidos, 
fazeis que sua beleza s’ acrescente; 
 
olhos, que vos moveis tão docemente, 
em mil divinos raios encendidos, 
se de cá me levais alma e sentidos, 
que fôra, se de vós não fora ausente’ 
 
Honesto riso, que entre a mor fineza 
de perlas e corais nasce e parece, 
se n’alma em doces ecos não o ouvisse! 
 
S’ imaginando só tanta beleza 
de si, em nova glória, a alma s’ esquece, 
que fará quando a vir? Ah! quem a visse! 

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Sermão de Santo António, de Padre António Vieira

 Padre António Vieira sempre se preocupou com os problemas sociais. Tinha o dom da eloquência enquanto orador, capaz de exortar audiências. A sua grande energia captava eficazmente a atenção dos ouvintes. Seduzia o auditório também por conta da utilização de figuras de estilo, do encadeamento de raciocínios e argumentos. O recurso a referências bíblicas conferia credibilidade à sua pregação.

 António Vieira decide imitar Santo António, evocando uma lenda envolvente que diz que numa das suas pregações o santo dirige-se aos peixes, pois não estava a ser ouvido pelos homens. Padre Vieira não consegue ser ouvido pelos colonos do Maranhão, que exploravam os escravos, então volta-se igualmente para os peixes.

 O sermão tem como objetivos espalhar a palavra Cristã, comover os ouvintes e apelar à mudança.

 O conceito predicável é "Vós sois o sal da Terra", sendo o sal os pregadores e a Terra os ouvintes. Como a Terra não está salgada, ou é ela que não se deixa salgar ou é o sal que não salga.

 Começa por elogiar os peixes no geral, "ouvem bem e não falam", e depois em particular, representando alegoricamente cada peixe uma qualidade humana.

 Primeiro louva o peixe de Tobias, que possui o poder curativo. As palavras de Santo António curam a cegueira das almas tal como o seu fel cura a cegueira. O seu bom coração, que afastava demónios, também é comparado ao do Santo.

 De seguida, elogia-se a rémora pela sua grande determinação e força, comparada à língua de Santo António.

 Logo após, vem o torpedo, repleto de energia. É capaz de criar descargas elétricas que estremecem os braços dos pescadores. Tal energia é comum à do Santo que Padre Vieira admira, que faz tremer os ouvintes.

 Por fim, fala-se do quatro-olhos, um peixe atento, com dois olhos virados para o céu e outros dois para baixo. Este peixe ensina aos homens a olhar para o céu e praticarem o bem, pois o Inferno aguarda-os debaixo da Terra.

 Quando terminados os elogios, o pregador repreende. Afirma que os peixes são ignorantes, vaidosos, cegos e, pior, comem-se uns aos outros, sempre os grandes a alimentarem-se dos mais pequenos.

 Concretamente, o primeiro peixe reprimido é o roncador, que é arrogante, devido ao seu ronco.

 Seguem-se os pegadores. Estes representam a dependência e o oportunismo. É a alegoria do parasitismo, característico das altas classes e dos políticos, que vivem da troca de favores.

 Os voadores são a terceira espécie advertida. São caracterizados pela sua presunção e ambição, visto não se contentam com o mar e tentam voar como as aves.

 O último peixe é o polvo, hipócrita e traidor. Este aparenta ser o que não é ("com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge, com aqueles raios estendidos parece uma estrela, com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão").

 No fim, retoma os argumentos utilizados para apelar as peixes que se respeitem e venerem Deus.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

O herói romântico

Características:
  • Personagem de destaque;
  • Imensa determinação;
  • Romanticamente sensível;
  • Alma nobre;
  • Defende ideais;
  • Luta por valor contrários aos da sociedade;
  • Luta por um mundo melhor;
  • Defesa da liberdade pessoal;
  • Vive numa crise interior;
  • Atormentado pela insatisfação;
  • Torna-se melancólico, rebelde e introspetivo;
  • Morre.

Valor modal

Modalidade epistémica de certeza O sol nasce todos os dias. Modalidade epistémica de probabilidade Pode sair Camões no exame. Modalidade deô...