sábado, 14 de junho de 2025

Exame de Português 2024 F2 V1

Grupo I

Parte A

1 - O narrador admira-se com o estilo de vida jactante de Jacinto. A atenção excessiva dada ao seu aspeto físico impressionava, prova pela miríade de escova que possuía e pelo tempo gasto a pentear-se (" As escovas sobretudo renovavam, cada dia, o meu regalo e o meu espanto ‒ porque as havia largas como a roda maciça de um carro sabino; estreitas e mais recurvas que o alfange de um mouro; côncavas, em forma de telha aldeã; pontiagudas, em feitio de folha de hera; rijas que nem cerdas de javali; macias que nem penugem de rola! De todas, fielmente, como amo que não desdenha nenhum servo, se utilizava o meu Jacinto." e "E assim, em face ao espelho emoldurado de folhedos de prata, permanecia este Príncipe passando pelos sobre o seu pelo durante catorze minutos."). O narrador também aponta a peculiaridade das "máquinas monumentais da Sala de Banho", uma grande e avançada variedade de jatos de torneiras para todo o tipo de lavagem.

2 -  Jacinto é um homem importante da alta sociedade com inúmeros encargos que lhe permitem ter uma vida luxuosa, mas sente-se cansado do seu estilo de vida, das suas responsabilidades e da sua agenda infindável ("apesar da mansidão e harmonia dos seus modos, frequentemente arremessava para o tapete, numa rebelião de homem livre, aquela agenda que o escravizava"). O burguês sentia-se preso à sua vida profissional, que mesmo não a detestando, deseja ser livre.

3 - I, II, IV.

Parte B

4 - Ricardo Reis recorre regularmente à referência de elementos da natureza porque estes são efémeros, simples e não pensam, características que Ricardo Reis pretende seguir na sua vida vida, que é curta e deve ser aproveitada, tal como as plantas nos demostram.

5 - O sujeito poético pede à sua amada para acompanhar numa vida propositadamente ignorante, cuja prioridade seja aproveitá-la, sem quaisquer mudanças que possam causar sofrimento. Viver o efémero momento é a interesse máximo do "eu" lírico, já que este sabe que não vale a pena fazer esforços, o mundo será o mesmo antes, durante e após a sua curta passagem pela Terra ("Que há noites antes e após | O pouco que duramos.").

6 - a) - 2; b) - 2.

Parte C

 Em A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, a personagem Jacinto é utilizada para criticar e até caricaturizar a alta sociedade citadina do século XIX. Críticas semelhantes podem ser encontradas em Valores Pessoais, quadro de René Magritte.

 Na tela de arte moderna, certos objetos possuem dimensões díspares com a realidade, estando deverás amplificados, mais concretamente um pente, um pincel e um armário e um sabonete. Estes elementos são elo de ligação com a metrossexualidade característica de Jacinto, que elevava a sua aparência a patamares bastante exagerados, praticando rituais longos, cansativos e completamente anormais diariamente para aperfeiçoar a sua aparência. Esta falta de praticidade exacerbante, transversal às duas obras, criticam a importância excessiva atribuída à imagem e a artificialidade da sociedade. Também o copo, igualmente aumentado, destaca a futilidade dos eventos sociais, que Jacinto também participa, tão valorizados no meio da classe rica.

 Em suma, o quadro de René e o romance de Eça convergem na crítica ao costumes da alta sociedade, que enaltece as aparências e a futilidade dos eventos sociais.

Grupo II

1 - C;

2 - D;

3 - A;

4 - D;

5 - C;

6 - B;

7 - C.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Valor modal

Modalidade epistémica de certeza O sol nasce todos os dias. Modalidade epistémica de probabilidade Pode sair Camões no exame. Modalidade deô...