O espaço rural em Portugual é multifacetado, polivalente e lucrativo. Este é caracterizado pela sua riqueza e diversidade de recursos naturais, humanos e culturais e pelas dificuldades que acentuam os contrastes com o espaço urbano. O espaço rural necessita que se preservem os seus valores, cultura e património e que se mobilize a potencialização dos recursos locais. Isto consegue-se com a fixação de população e com o desenvolvimento de atividades económicas sustentáveis.
As áreas rurais têm como pontos fracos a perda e o envelhecimento da população, o baixo nível de instrução e qualificação, as explorações de pequena dimensão, a falta de emprego, o abandono de terras agrícolas, a carência de equipamentos e serviços, a insuficiência de redes de transportes, o baixo poder de compra,...
Já como pontos positivos, tem um património rico e diversificado, grande valor paisagístico, baixos níveis de poluição, elevada perservação ambiental, infranstruturas e equipamentps e uma recente rede de acessibilidade. A sociedade atual recorre ao espaço rural para satisfazer as necessidades tendenciosas, como a procura de produtos de qualidade, a procura de atividades de lazer, a valorização das energias renováveis e a preocupação com a preservação dos recursos naturais e ambiente.
As atuais políticas de desenvolvimento rural incentivam os agricultores a assumirem o papel de guardiães da paissagem e de prestadores de serviços ambientais para a promoção do desenvolvimento sustentável. Estes são sete:
1. Turismo no espaço rural
Uma das atividades que tem demonstado maior mobilização das áreas rurais é o turismo no espaço rural. Pretende proporcionar ao turista conhecimento sobre práticas, tradições e valores da sociedade rural, valorizando todos os seus aspetos, desde a paisagem, à gastronomia.
A sua procura tem vindo a crescer devido à aumento do interesse pelo património, pela natureza e pela saúde, à crescente procura de descanso e evasão, à valorização da diferença e da oferta turística personalizada e ao aumento do nível de instrução.
Este ramifica-se em cinco modalidades habitacionais:
- Turismo de habitação - solares, residências de valor arquitetónico, com dimensão, mobiliário e decoração de qualidade;
- Turismo rural - casas rústicas de elevado valor etnográfico;
- Agroturismo - os hóspedes participam em atividades de exploração agrícola;
- Casas de campo - casas rurais ou abrigos de montanha, com características arquitetónicas locais, em que o proprietário pode residir;
- Turismo de aldeia - conjunto de cinco casas, no mínimo, na aldeia que mantêm no conjunto as características paisagísticas e arquitetónicas da região.
Também se pode distinguir seis modalidades ocupacionais:
- Turismo ambiental - atividades ao ar livre (canoagem, parapente, ciclismo,...);
- Turismo fluvial;
- Turismo cultural - património arqueológico, histórico, etnográfico;
- Turismo gastronómico e enoturismo;
- Turismo cinegético;
- Turismo termal.
Deve-se evitar problemas ocorridos devido à procura de lucro fácil e rápido:
- Aumento excessivo da capacidade de alojamento;
- Subaproveitamento do solo agrícola;
- Falta de formação profissional dos intervenientes;
- Massificação das formas de turismo mais acessíveis;
- Perda do fator humano e das relações personalizadas;
- Degradação dos recursos naturais;
- Perturbação dos ecossistemas;
- Desfiguração das paisagens.
A atividade turística nas áreas rurais deve ser um complemento em equilíbrio com as atividades principais deste espaço (a agricultura) como um elemento do processo de desenvolvimento integrado
2. Desenvolvimento de produtos de qualidade
A existência de grande variedade de produções animais e vegetais tradicionais com especificidades locais e regionais precisa de preservação e potencialização e tem a vantagem competitiva dos mesmos ainda serem (quase sempre) de produção extensiva.
O artesanato e os ofícios artesanais, ligados a uma identidade cultural, garantem a preservação do saber tradicional e identidade local, permitem a diversificação das atividades rurais e têm uma grande procura pelos turistas.
3. Indústria no espaço rural
A indústria presente no espaço rural (agroalimentar, florestal e extrativa e transformadora) é o motor de desenvolvimento regional, pois cria emprego, atrai e fixa população, desenvolve atividades produtoras de matéria prima, desenvolvem indústria complimentares e diferentes serviços a jusante e aumentam a riqueza devido ao valor acrescentado que reverte para a região.
As zonas rurais atraem indústria devido à mão-de-obra barata, às infraestruturas de boa acessibilidade, aos serviços de apoio à atividade produtiva e às políticas locais ou centrais de atração/fixação.
4. Serviços no espaço rural
A instalação de serviços no espaço rural desempenha um papel duplo: melhora a qualidade de vida e cria postos de trabalho.
Os serviços de proximidade, cultura, desporto, formação profissional e apoio técnico aos agricultores são fundamentais para o desenvolvimento do espaço rural.
5. Desenvolvimento da silvicultura
A silvicultura é um fator de desenvolvimento sustentável pela grande variedade de espécies e grande variedade de produção.
Desempenha funções económicas, sociais e ambientais.
A fragmentação da propriedade florestal, os limites das propriedades muito difusos ou desconhecidos, a baixa rendibilidade (ritmo lento de crescimento das espécies), a atividade de elevado risco (incêndios florestais), o despovoamento, o abandono da pastorícia e o abandono da recolha do mato e lenhanto da silvicultura são obstáculos ao seu desenvolvimento.
É possível incentivar o desenvolvimento da silvicultura através da promoção do emparcelamento, da criação de instrumentos de ordenação e gestão florestal, da promoção do associativismo, da formação profissional e da investigação florestal, da diversificação das atividades nas explorações florestais e agroflorestais, do combate à vulnerabilidade a pragas e doenças, da simplificação dos processos de candidaturas a programas de apoio e da prevenção de incêndios.
6. Energias renováveis
As energias "verdes" valorizam os recursos existentes e criam novas oportunidades de desenvolvimento.
7. Estratégias políticas
As medidas políticas visam estimular e dar condições de investimento aos cidadãos, através de medidas agroambientais, de indeminizações compensatórias e do apoio à gestão sustentável da silvicultura.



