quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Produção e consumos sustentáveis

 Olá a todos. Venho-vos falar sobre produção e consumo sustentáveis, o décimo segundo objetivo de desenvolvimento sustentável.

 Escolhi este tema, porque, daqueles que ainda estavam disponíveis, é dos que mais me sinto confortável a falar e o que mais me suscita interesse.

 Os recursos são escassos e limitados, ao contrário das nossas necessidades. A produção e o consumo, inteiramente interligados, ditam o quão desenvolvida uma sociedade está. Na Índia, trezentos milhões de pessoas não possuem eletricidade em casa. A falta de consumo denuncia a situação precária que a Índia ultrapassa.

 Um país como a Índia não vai com certeza falar de produção sustentável, irá falar de produção. Já na comunidade europeia, a realidade é diferente. Podemos abordar este tema, porque as nossas necessidades são, na generalidade, suprimidas.

 Sustentabilidade define-se como a capacidade de satisfazer as nossas necessidades no presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas.

 Para que esta seja possível, apresento-vos algumas ideias que seriam cruciais para produzirmos e consumirmos de uma forma mais consciente.

 Uma das premissas mais repetidas pelos ambientalistas é a que devemos de reduzir o nosso consumo.

 A Greta deixou de comer carne, usar papel, comprar roupa,...

 Ouviram e ouvirão que deixar de consumir é a solução, mas este argumento é totalmente falso!

 Se houver uma redução no consumo, irá, consequentemente, reduzir-se a produção, o que criaria desemprego e falta de poder de compra. Estes fariam o consumo reduzir-se ainda mais, e entraríamos num ciclo vicioso que originaria uma pobreza imaginável.

 Quem também seria prejudicado é o Estado, e as verbas destinadas a causas ambientais iriam desaparecer. Lá está, mais importante do que reduzir a pegada ecológica, é haver produtos para satisfazer as nossas necessidades, como alimentação, vestuário, saúde, entre outras.

 A escola tem uma nova medida que limita o número de fotocópias que os professores podem fazer para poupar papel e, assim, salvar árvores. Isto resultaria no Brasil. Isto resultaria no Congo. Se nestes países, onde reina o extrativismo, ou seja, por cada resma de papel que consumamos uma árvore será cortada, mas que não vai ser replantada, esta medida era benéfica.

 Mas em Portugal é exatamente ao contrário! Se nós queremos ter florestas bem cuidadas, temos de garantir que elas são economicamente aproveitáveis. Em Portugal, consumir uma resma de papel é aquilo que garante que haja mais árvores. Porquê? Porque para produzir uma resma de papel, alguém tem de plantar essas árvores.

 Então o que tem acontecido? Qual é a tendência atual? A degradação ambiental tende a seguir a Curva de Kuznets, ou seja, no princípio do desenvolvimento económico começa-se, efetivamente, a degradar o ambiente, mas quando se chega a um certo nível de desenvolvimento económico, essa degradação começa inverter-se, sendo a produção cada vez mais sustentável.

 Isto não é só uma questão teórica. Fizeram-se análise a diversos países, em que, de facto, as emissões de CO2 cresceram bastante num período inicial, mas agora estão a baixar em todos os países europeus. A Europa e a América do Norte foram os únicos continentes cujos países viram a sua área florestal aumentar nos últimos vinte anos.

 Para que a produção seja cada vez mais sustentável, precisaremos de tecnologias que nos permitam continuar a crescer, mas utilizando menos recursos ambientais. A inovação, apoiada pela Agenda 2030, pretende reduzir o desperdício. Faz com que sejam precisos menos objetos para satisfazer a nossas necessidades. 

 Qualquer um de nós tem um telemóvel, que substituiu muitos objetos que poderíamos ter neste momento. A inovação faz com que se aproveitem melhor os recursos ambientais. Produz-se mais, utilizando menos matérias-primas.

 A Agenda 2030 tem como subobjetivos reduzir o desperdício alimentar, aumentar a taxa de reciclagem nacional, apoiar países em desenvolvimento a fortalecer as suas capacidades científicas e tecnológicas e reduzir a dependência em combustíveis fósseis. Claro que a lista é mais extensa, mas considero estas medidas as mais importantes e eficientes.

 Este tema é importantíssimo e o esforço que a União Europeia está a fazer para sermos mais sustentáveis é de louvar. Podemos estar otimistas.

 Em suma, para que se produza sem comprometer as geração futuras, não devemos de deixar de consumir, mas sim apostar na inovação, para que se produze mais com menos.

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

As classes do "que"

 O que pode ser um(a)...

  • pronome relativo, se atrás dele estiver um nome;
  • conjunção subordinada substantiva completiva, se estiver antes de um verbo;
  • conjunção subordinada adverbial causal, se se puder substituir por "porque";
  • conjunção coordenada explicativa, se se puder substituir por "pois".

Empirismo humiano - Argumentos para debate

Não existem ideias inatas 

 Descartes afirma que existem ideias inatas. É impossível nascer com conhecimento.

 Hume nega a existência de princípios evidentes inatos em nós. Para ele, todo o conhecimento é como que uma cópia de algo, cujo objecto já tivemos acesso de alguma maneira.

 David Hume também refuta a ideia de um conhecimento universal, claro e distinto. A experiência humana é limitada e o nosso conhecimento é sempre incompleto, a realidade reduz-se aos fenómenos aos quais os nossos sentidos têm acesso, sendo que cada um pode ter sensações diferentes nessa experiência abrindo-se espaço à subjetividade.


Deus não existe

 Hume diz ser impossível conhecer Deus, pois as provas cartesianas estão fundadas na existência de ideias inatas, originárias da razão, nas quais não acredita. Ou seja, para ele o Homem não pode conhecer algo do qual não tem uma única perceção.

 O empirismo é mais fiável, pois não depende de uma entidade para se afirmar, justificar. Sem a existência de Deus, Descartes não sairia da dúvida, sendo esta incurável.


O círculo cartesiano

Descartes afirma que Deus é a garantia da verdade do que conhecemos com clareza e distinção, mas ao mesmo tempo usa a clareza e distinção para provar a existência de Deus (uma vez que as premissas da sua prova da existência de Deus são por ele consideradas claras e distintas). Descartes, deste modo, raciocina em círculo e, portanto, comete uma falácia da petição de princípio.

 O efeito desta falácia para a filosofia de Descartes é devastador. Ao contrário do que afirma, Descartes não provou a existência de Deus nem a verdade do que percebemos clara e distintamente e, portanto, não tem nenhum fundamento absolutamente certo para o conhecimento. O seu projeto cai pela base.

 Só posso provar que Deus existe se tiver como pressuposto que Deus existe.

 Se não tiver este pressuposto, não posso confiar nos meus raciocínios, logo, não posso provar nada.


A dúvida metódica é impossível

Hume apresenta duas objeções a este projeto. Em primeiro lugar, diz ele, este ceticismo extremo é impossível. Agir de acordo com os requisitos da dúvida metódica está para além daquilo que os seres humanos são capazes. A dúvida metódica é, portanto, pura e simplesmente impraticável. Em segundo lugar, mesmo que a dúvida fosse praticável, não seria possível ir para além dela sem usar as faculdades racionais que a dúvida põe em questão. Isto é, se a dúvida fosse praticável, seria inultrapassável, uma vez que qualquer tentativa de a superar implicaria o uso das próprias faculdades a que a dúvida se aplica. Hume conclui daqui que o projeto de Descartes não é de todo exequível.


Não temos provas que o "eu" existe

 O cogito não é algo "absolutamente certo e indubitável", citando Descartes. 

 A crença na existência do cogito ou "eu penso" é fundamental ao projeto de Descartes, porém, este não se encontrava em condições de afirmar que havia um "eu".

 É pela análise do "eu", enquanto puro pensamento, que Descartes prova a existência de Deus e recupera como verdades das quais está absolutamente certo — e não como meras crenças — tudo o que a dúvida metódica pôs em questão.

 Ele pensa ter provado sem margem para dúvidas, como condição de possibilidade da própria dúvida, que o "eu" existe.

 Hume está também aqui em completo desacordo com Descartes. Hume pensa que não temos, nem podemos ter, nenhuma ideia de "eu". Segundo ele, todas as nossas ideias têm origem em impressões. Contudo, não temos nenhuma impressão que possa estar no origem da ideia de "eu". Tudo o que encontramos quando olhamos para nós próprios é uma sucessão de perceções particulares, de calor de frio, de prazer e dor e nunca uma perceção do "eu". Para Hume, portanto, o "eu", tal como o entendemos, não existe. De facto, ele pensa que, de acordo com a experiência, tudo o que podemos dizer é que a mente, ou "eu", é uma espécie de feixe ou coleção de perceções. Se Hume tiver razão, o cogito é apenas uma ficção e, portanto, não pode ter o papel absolutamente essencial que Descartes lhe atribui na sua filosofia.

 Tanto quanto lhe era dado a conhecer, os pensamentos podiam simplesmente ser coisas que ocorrem no mundo. Como é sugerido por David Hume, podemos mesmo chegar à conclusão que é mais evidente a existência de pensamentos do que a existência de um corpo sobre o qual esses pensamentos surgem.


Descarte não consegue provar a existência do mundo

 O último passo da filosofia de Descartes consistiu em provar a existência do mundo exterior e ele julga tê-lo feito ao argumentar que as ideias cuja causa atribuímos a objetos físicos têm, de facto, essa causa.

 No entanto, Hume nega que seja possível provar a existência do mundo exterior.

 Ele aceita, como Descartes, a distinção entre a realidade e as nossas perceções, isto é, entre o objeto físico e a sua representação mental, mas defende que só temos uma experiência direta das representações na nossa mente, não dos objetos físicos, as suas supostas causas, e, que, portanto, não é possível ter experiência da relação causal entre as nossas representações mentais e os objetos que supostamente elas copiam e representam.

 Deste modo, não temos qualquer razão para afirmar que os objetos físicos são a causa das nossas perceções e, portanto, que existem objetos físicos. 

 Mesmo que admitamos a possibilidade da dúvida metódica e a existência do cogito, se não for possível provar a existência do mundo físico, a filosofia e a ciência de Descartes estão condenadas ao fracasso. 

 Se aceitarmos estas críticas, o projeto de Descartes está em sérias dificuldades. Um dos interesses da filosofia de Descartes está no facto de constituir uma tentativa de construir uma teoria do conhecimento com base no pressuposto de que uma crença tem de poder ser justificada de forma indubitável para ser conhecimento. O seu fracasso é também o fracasso desta conceção de conhecimento.


Possíveis objeções

 • Causalidade e Indução

 Objeção: Se seguirmos o ceticismo de Hume em relação à causalidade, não podemos justificar a indução, que é crucial para o nosso entendimento do mundo.

 Resposta: Embora Hume tenha questionado a lógica dedutiva da causalidade, ele não negou a utilidade prática da indução. A indução pode ser justificada com base na experiência passada, embora sem garantia absoluta.

 • Impressões e Ideias

 Objeção: A distinção de Hume entre impressões (experiências sensoriais intensas) e ideias (representações menos vívidas) é arbitrária e não oferece uma base sólida para o conhecimento.

 Resposta: Esta distinção é essencial para a teoria. As impressões são a fonte inicial de todas as nossas ideias, e entender essa relação é crucial para compreender como adquirimos conhecimento.

 • Problema da Indução

 Objeção: O "problema da indução" sugere que Hume não forneceu uma solução satisfatória para justificar o uso generalizado da indução.

 Resposta: Embora Hume reconheça as limitações da indução, ele ainda a considera válida com base na "associação habitual" formada pela repetição constante de eventos observados na experiência.

 • A priori e a posteriori

 Objeção: A rejeição de Hume de conceitos a priori é questionável. Há conhecimento que pode ser adquirido independentemente da experiência.

 Resposta: Mesmo que existam conceitos a priori, a experiência é essecial para sua formação e dedução. A experiência é fundamental na construção de todo conhecimento.

 • Irracionalismo

 Objeção: Hume é irracional, em virtude de ter preferido uma abordagem descritiva da indução baseada num princípio psicológico recolhido do senso comum.

 Resposta: Hume foi racional e adotou uma abordagem descritiva e empírica para entender a indução, baseando-se na observação da experiência humana. Em vez de se concentrar em princípios a priori, argumentou que a nossa compreensão do mundo desenvolve-se a partir da repetição de eventos observados, do hábito. Isto não o torna irracional, mas sim um observador cuidadoso do funcionamento da mente humana.

Valor modal

Modalidade epistémica de certeza O sol nasce todos os dias. Modalidade epistémica de probabilidade Pode sair Camões no exame. Modalidade deô...