Olá a todos. Venho-vos falar sobre produção e consumo sustentáveis, o décimo segundo objetivo de desenvolvimento sustentável.
Escolhi este tema, porque, daqueles que ainda estavam disponíveis, é dos que mais me sinto confortável a falar e o que mais me suscita interesse.
Os recursos são escassos e limitados, ao contrário das nossas necessidades. A produção e o consumo, inteiramente interligados, ditam o quão desenvolvida uma sociedade está. Na Índia, trezentos milhões de pessoas não possuem eletricidade em casa. A falta de consumo denuncia a situação precária que a Índia ultrapassa.
Um país como a Índia não vai com certeza falar de produção sustentável, irá falar de produção. Já na comunidade europeia, a realidade é diferente. Podemos abordar este tema, porque as nossas necessidades são, na generalidade, suprimidas.
Sustentabilidade define-se como a capacidade de satisfazer as nossas necessidades no presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas.
Para que esta seja possível, apresento-vos algumas ideias que seriam cruciais para produzirmos e consumirmos de uma forma mais consciente.
Uma das premissas mais repetidas pelos ambientalistas é a que devemos de reduzir o nosso consumo.
A Greta deixou de comer carne, usar papel, comprar roupa,...
Ouviram e ouvirão que deixar de consumir é a solução, mas este argumento é totalmente falso!
Se houver uma redução no consumo, irá, consequentemente, reduzir-se a produção, o que criaria desemprego e falta de poder de compra. Estes fariam o consumo reduzir-se ainda mais, e entraríamos num ciclo vicioso que originaria uma pobreza imaginável.
Quem também seria prejudicado é o Estado, e as verbas destinadas a causas ambientais iriam desaparecer. Lá está, mais importante do que reduzir a pegada ecológica, é haver produtos para satisfazer as nossas necessidades, como alimentação, vestuário, saúde, entre outras.
A escola tem uma nova medida que limita o número de fotocópias que os professores podem fazer para poupar papel e, assim, salvar árvores. Isto resultaria no Brasil. Isto resultaria no Congo. Se nestes países, onde reina o extrativismo, ou seja, por cada resma de papel que consumamos uma árvore será cortada, mas que não vai ser replantada, esta medida era benéfica.
Mas em Portugal é exatamente ao contrário! Se nós queremos ter florestas bem cuidadas, temos de garantir que elas são economicamente aproveitáveis. Em Portugal, consumir uma resma de papel é aquilo que garante que haja mais árvores. Porquê? Porque para produzir uma resma de papel, alguém tem de plantar essas árvores.
Então o que tem acontecido? Qual é a tendência atual? A degradação ambiental tende a seguir a Curva de Kuznets, ou seja, no princípio do desenvolvimento económico começa-se, efetivamente, a degradar o ambiente, mas quando se chega a um certo nível de desenvolvimento económico, essa degradação começa inverter-se, sendo a produção cada vez mais sustentável.
Isto não é só uma questão teórica. Fizeram-se análise a diversos países, em que, de facto, as emissões de CO2 cresceram bastante num período inicial, mas agora estão a baixar em todos os países europeus. A Europa e a América do Norte foram os únicos continentes cujos países viram a sua área florestal aumentar nos últimos vinte anos.
Para que a produção seja cada vez mais sustentável, precisaremos de tecnologias que nos permitam continuar a crescer, mas utilizando menos recursos ambientais. A inovação, apoiada pela Agenda 2030, pretende reduzir o desperdício. Faz com que sejam precisos menos objetos para satisfazer a nossas necessidades.
Qualquer um de nós tem um telemóvel, que substituiu muitos objetos que poderíamos ter neste momento. A inovação faz com que se aproveitem melhor os recursos ambientais. Produz-se mais, utilizando menos matérias-primas.
A Agenda 2030 tem como subobjetivos reduzir o desperdício alimentar, aumentar a taxa de reciclagem nacional, apoiar países em desenvolvimento a fortalecer as suas capacidades científicas e tecnológicas e reduzir a dependência em combustíveis fósseis. Claro que a lista é mais extensa, mas considero estas medidas as mais importantes e eficientes.
Este tema é importantíssimo e o esforço que a União Europeia está a fazer para sermos mais sustentáveis é de louvar. Podemos estar otimistas.
Em suma, para que se produza sem comprometer as geração futuras, não devemos de deixar de consumir, mas sim apostar na inovação, para que se produze mais com menos.